9 January 2015

Fiel a nós mesmos

Não posso deixar de partilhar este texto que acabei de ler, escrito pela Francisca numa linguagem perfeitamente acessível e aberta, mas straight to the point.
Não podia concordar mais com esta filosofia de vida que se mostrou inevitável para mim e que decidi abraçar e assumir de há uns tempos para cá. Já escrevi sobre isso várias vezes (ver aqui e aqui), mas não me canso de pensar e sentir o impacto e a importância que tem o simples facto de termos um tempo de reflexão, que passa muitas vezes por momentos de introspecção e solidão, para ouvirmos o nosso corpo e assumirmos a nossa natureza enquanto seres individuais. Tão assustador quanto gratificante...

"A Primavera e o Verão chamam por nós e puxam-nos para o exterior. O sol brilha quase todos os dias, a temperatura torna-se muito agradável e os cheiros que pairam no ar, fazem com que queiramos passar mais tempo fora de casa. Apetece-nos comer saladas, gelados, beber sumos frescos e comer fruta tropical.
No entanto, no Inverno acontece precisamente o contrário. Os dias frios e chuvosos fazem-nos ter vontade de ficar em casa quentinhas, embrulhadas numa manta a ver “Downton Abbey” e a beber chocolate quente (ok, estou a falar por mim ; ). Naturalmente substituimos as comidas frias por algo mais quente como um creme de legumes, umas papas de aveia ou um estufado de lentilhas e sentimos como o corpo aquece e agradece.

Nós somos animais. Eu sei que nos esquecemos disto 99% do tempo, mas é um facto. Se olharmos para a Natureza e, principalmente, para outros animais apercebemo-nos que durante o Inverno eles estão mais escondidos – eles hibernam. Apesar da raça humana não ter uma necessidade concreta de hibernar, ainda assim há uma pequena parte da nossa natureza que pede que nos retiremos durante as temporadas mais frias.
Não temos tanta vontade de sair de casa, há uma necessidade de dormirmos mais horas e, principalmente, estamos mais introspetivas. Não estamos tão produtivas nem ativas e aquela preguiça constante que sentimos é algo absolutamente natural. Tudo isto é instintivo. E contrariar este instinto apenas irá gerar stress, ansiedade e desequilíbrios físicos (daí tantas constipações e outros distúrbios típicos desta estação).

O verdadeiro segredo para te encontrares serena e em harmonia contigo está em:
seres honesta contigo mesma e respeitares o que a sabedoria – infinita – do teu corpo te pede
Se não tens vontade de sair de casa, não saias.
Se estás cansada, dorme.
Se tens fome, come.
Se não queres falar com ninguém, não fales.
Resumindo, faz o que realmente sentes fazer!

Eu sei que isto parece óbvio, mas as nossas necessidades são muitas vezes ignoradas em nome das expectativas da sociedade e, pior, pelas exigências da nossa mente. Acabamos por ir jantar fora não porque nos apetece, mas porque “ninguém fica em casa numa sexta-feira à noite”. Trabalhamos que nem umas doidas e em vez de voltarmos para casa ao fim do dia, para darmos o tão desejado descanso ao nosso corpo (e mente), ainda nos metemos num ginásio a fazer exercício físico intenso. Em noites de tempestade, e após uma longa e dura semana de trabalho, somos capazes de trocar o carinho e silêncio do nosso “ninho” por ir “bombar” para uma discoteca até às 4 da manhã. O que, muitas vezes, acontece é que mesmo nos momentos em que temos a possibilidade de ficar em casa, nós ainda assim calçamos as galochas, abrimos o guarda-chuva e ignoramos a nossa voz interior que nos diz “fica em casa”.

E deixa-me dizer-te, minha querida, que sempre que ignoras o que o teu coração te diz, tu sofres. E isto acontece porque estás a ir contra ti mesma, contra a tua verdade. 

O Inverno é uma espécie de “retiro”. É o momento em que nos viramos para dentro e cuidamos de nós com – ainda mais – carinho e respeito. Meditamos sobre quem estamos a ser como pessoa, que tipo de pegada estamos a deixar no mundo e como é que nos estamos a relacionar com os outros. Avaliamos e pesamos a maneira como caminhamos na vida, quem escolhemos que nos acompanhe nesta jornada e no que é que escolhemos dedicar o nosso tempo – tão precioso. É uma estação que nos permite parar, olhar para a nossa bússola interior e assegurar que estamos a caminhar na direção certa.
No momento em que respeitas a tua Natureza, tudo flui e se encaixa espontâneamente. E da mesma maneira que quanto mais forte o Inverno é mais bonita a Primavera será, quanto mais te retirares e cuidares de ti mesma mais bonita, em paz e harmonia estarás  – contigo e com os outros."

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